Psicologia vs Senso Comum

 

    A psicologia distingue-se do senso comum porque é uma ciência.

    Sendo uma ciência, tem por objectivo construir um corpo coerente de saberes, fundamentados, sobre o comportamento e os processos mentais. Descobrindo regularidades nos fenómenos, elabora leis, constrói modelos e teorias, testados cientificamente, para descrever, compreender, explicar e mudar os comportamentos e os processos mentais.

    Como qualquer ciência, a psicologia tem um campo de trabalho definido. Recorre a metodologias diversificadas com vista a chegar a conclusões rigorosas e sistematizadas em teorias comprovadas criticamente. As generalizações científicas obedecem a metodologias rigorosas de observação, de medição e/ou de descrição carecendo sempre de prova.

    O senso comum tem por objectivo orientar a nossa vida, regulando as interacções sociais. Utilizamos o nosso conhecimento para avaliar, explicar e antecipar o nosso comportamento e o dos outros. Ele ajuda-nos a simplificar e a dar sentido à informação.

    O senso comum é empírico, ingénuo, espontâneo e, portanto, preso às aparências, resultando parcial, fragmentário e restrito. Generaliza abusivamente, de modo estereotipado e preconceituoso, partindo de juízos subjectivos que envolvem os interesses, as emoções e os valores de quem observa de modo acrítico, de acordo com crenças e tradições e sem outros objectivos que não sejam a resolução imediata de problemas do quotidiano.

    A psicologia, embora demarcando-se claramente do senso do comum, começa tal como outras ciências, a interessar-se pelo senso comum como objecto de estudo. Os significados que as pessoas dão ao seu comportamento, ao dos outros e às suas relações, os processos de construção e de partilha desses significados tornam-se fascinantes para a psicologia.