IVAN PAVLOV

(Condicionamento Clássico)

 

Condicionamento clássico é um processo através do qual um organismo aprende a responder de um determinado modo a um estimulo que previamente e por si só não suscitava tal resposta.

Pavlov estudava experimentalmente a fisiologia da digestão dos cães e descobriu que os cães utilizavam a saliva perante estímulos que não a comida.

O Fisiólogo dedicou mais de 30 anos para saber a resposta de como pode uma resposta não condicionada e natural como a salivação estar associada com sons e outras percepções que em si são estímulos neutros.

Foi num laboratório construído por Pavlov que ele demonstrou que os cães podem ser condicionados para salivar a uma grande variedade de estímulos que não estão associados a comida, essa experimentação consistia em (1) apresentar o cão a um estímulo neutro (o som de uma campainha por exemplo) e logo de seguida apresentar um prato de carne (estimulo não condicionado). O cão respondeu ao estímulo não condicionado ou natural (a carne) salivando. (2) Depois de emparelhar o som da campainha e o prato da carne várias vezes, verificou-se que apenas o estímulo neutro (o som da campainha) era suficiente para produzir a resposta de salivação. Os cães não salivam naturalmente em resposta a sons, logo, (3) a salivação era resultante de aprendizagem, ou seja de condicionamento, o cão ao ouvir o som da campainha sabia que lhe iam dar comida, então, o som da campainha passa a ser condicionado.

 

Pavlov divide esta experiência em 3 fases:

 

Significados

Reflexo não condicionado: Resposta suscitada por um estímulo incondicionado sem aprendizagem prévia.

Reflexo condicionado: Resposta suscitada por um estimulo condicionado, ou seja, por um estimulo que produz um efeito semelhante ao do estimulo incondicionado em virtude de ter sido varias vezes emparelhado com este.

Estimulo não condicionado: Estimulo que produz uma determinada resposta sem necessidade de aprendizagem prévia ou de processo associativo.

Estimulo condicionado: Estimulo neutro que, repetidas vezes associado a um estímulo incondicionado provoca uma resposta semelhante à deste mas que resulta de uma aprendizagem. Um estimulo neutro que deixa de o ser.


Os princípios básicos do condicionamento clássico

  • Aquisição: Processo que consiste na gradual formação de uma conexão ou associação entre o estímulo condicionado e o não condicionado.
  • Extinção: Redução ou eliminação da resposta aprendida devido ao facto de o E.C. ser repetidamente apresentado sem o E.N.C.
  • Recuperação espontânea: O retorno, embora sob forma enfraquecida, da resposta condicionada após uma certa quantidade de tempo sem contacto com o E.C.
  • Generalização de estímulos: Processo que consiste no facto da resposta original a um estímulo particular também ocorrer na presença de estímulos similares.
  • Discriminação dos estímulos: Processo que consiste em aprender a responder a um estímulo particular e a não responder ou reagir a estímulos semelhantes ou original.

Watson recorreu ao método experimental, que é uma forma de investigação na qual, orientado por uma hipótese explicativa, o investigador manipula, em condições cuidadosamente controladas, uma determinada variável e observa se alguma alteração acontece numa outra variável.

O objectivo do método experimental é identificar os factos através de outros, ou seja, baseia-se numa relação causa – efeito entre acontecimentos, isto é, explicar um facto através de outro.

 

“Passos para uma investigação depois de formulado o problema.

Ex: os jogos de vídeo violentos provocam aumento do nível de agressividade do comportamento das crianças?”

 

ETAPAS METODOLOGICAS:

1-       Emissão da hipótese previa: Emitir uma explicação possível para esse problema porque orienta a investigação.

A hipótese estabelece aqui uma relação causa – efeito entre vídeo jogos violentos e comportamentos agressivos das crianças.

A hipótese experimental deve ser adequada ao problema, verosímil e verificável. É o momento em que a criatividade do experimentador é essencial para a possível resolução do problema.

 

2-       Controlo e manipulação de variáveis: Criar condições para a nossa hipótese poder ser comprovada e modificar uma variável no grupo experimental.

a) Identificação das variáveis relevantes:

A variável independente (causa) é uma condição ou factor que pode ser medido, observado que é apresentado como a causa de um efeito e a condição. É a variável manipulada pelo experimentador e é independente porque pode ser alterada independentemente de outros factores.

A variável dependente (efeito) é uma condição ou factor que pode ser medido, observado que na nossa hipótese corresponde ao efeito que não pode ser manipulada que ira mudar em virtude da manipulação da variável independente.

 Por exemplo: O meu carro não funciona. Verifico a bateria, o óleo, as válvulas (variáveis independentes) de cuja manipulação espero efeitos positivos na variável dependente (o funcionamento do carro).

b) Definição operacional das variáveis (definir quantitativamente):

 A variável dependente (o comportamento agressivo) foi definida assim: “o numero de intervalos de 30 segundos durante os quais, no decorrer do jogo de 5 minutos, uma criança empurra outra ou pontapeia brinquedos”.

 A definição operacional das variáveis é um momento importante porque podemos avaliar com rigor o significado dos resultados e porque permite a outros investigadores repetir a experimentação utilizando os mesmos procedimentos.

c) Selecção dos sujeitos participantes:

Definir a população alvo, ou seja a população que vai ser representada pelos participantes. No exemplo a população representada era a das crianças norte-americanas dos cinco aos sete anos.

Depois tem que se constituir uma amostra significativa da população que é o objecto de estudo, isto é, um conjunto de participantes que tenha uma estrutura semelhante à estrutura da população representada, tendo que haver equilíbrio entre o número de representantes de cada sexo, entre crianças de meios ricos e pobres, não haver demasiadas crianças com sete anos e poucas com cinco, e seria ideal que a amostra populacional incluísse crianças de todas as zonas geográficas do pais, que os vários credos religiosos estivessem representados, etc.

d) Constituição dos grupos experimental e de controlo:

O grupo experimental é o grupo cuja experiência é manipulada pois é ele que é submetido à influência da variável independente. Ex: as crianças que brincavam com jogos de vídeo violentos.

O grupo de controlo é o grupo que esta exposto aos mesmos factores que o grupo experimental excepto à condição experimental (à manipulação da variável independente). É o padrão de comparação com o outro grupo. Ex: as crianças que brincam com jogos não violentos.

 

3-       Registo análise dos dados: o psicólogo passa a ser experimentador, observa e regista os dados do sujeito experimental.

4-        Generalização das conclusões: a conclusão não poderá ser completamente generalizada mas relativamente generalizada, tendo em conta as limitações metodológicas.

 

VANTAGENS do método experimental

1-       O estabelecimento de relações causais: O método explicativo permite identificar as causas de um efeito, formular leis.

2-       A reaplicação dos procedimentos (replicabilidade): Possibilidade dos procedimentos serem repetidos ou replicados por outro experimentador para verificar se obtém resultados semelhantes.

3-       Permite obter resultados fidedignos: permite obter resultados seguros, dignos de confiança, pois pode-se controlar as variáveis parasitas, o que nos dá a certeza que a nossa variável independente resulta de um determinado factor que é a variável dependente.

4-       Generalização dos resultados: Trabalha-se com uma amostra significativa da população.


LIMITAÇÕES do método experimental

1-       Dificuldade em controlar todas as variáveis externas:

a)  Interferências (variáveis parasitas: todas as condições/factores que não estavam previstas mas que podem surgir no decurso da experiência) do experimentador: Conjunto de interferências subjectivas que ocorrem quando as expectativas do experimentador influenciam os resultados do experimento.

b)  Interferências das características pessoais dos participantes: As pessoas têm tendência a comportar-se de modo diferente do que é habitual quando estão a ser observadas.

c)  Interferências das condições ambientais: Está-se perante uma situação artificial, o sujeito experimental pode comportar-se de modo diferente do que é habitual fora de um laboratório.

 

2-       A artificialidade das condições experimentais em laboratório:

a)   Generalização dos resultados: Pode ser uma desvantagem no que diz respeito aos comportamentos humanos, pois na realidade existe mais que uma variável independente.

b)   Problemas e deficiências na constituição da amostra populacional: Dificuldade na generalização dos resultados em virtude de problemas práticos na selecção da amostra significativa.

3-       Limitações éticas da investigação experimental: Não se pode por em causa a sanidade mental, devendo respeitar a integridade física e psíquica das pessoas envolvidas numa experimentação, o psicólogo deve também informá-las sobre o tipo de tarefa que irão realizar e sobre o tipo de situação que terão que enfrentar. Está eticamente obrigado a não iludir ou enganar os participantes.

Formas de ultrapassar as questões éticas que o método experimental põe: Experimentação invocada: modificação da variável independente acontece sem intervenção do experimentador que se limita a observar e a registar. Ex: doentes e sinistrados.

 

4-       Dificuldade em isolar a variável independente: Pode tratar-se de uma correlação e não de uma relação de causa – efeito, ou seja, a relação entre duas variáveis não significa que uma seja a cauda da outra.

 

5-       Aplicação limitada a algumas áreas de investigação:

- Funcionamento do sistema nervoso.

- Alguns aspectos da aprendizagem, da memoria, da inteligência e da percepção.

 

Gestaltismo ou Psicologia da Forma

A perspectiva Gestaltista, defendia que a psicologia deveria ocupar-se da experiência consciente em vez de se limitar ao comportamento observável. A maior contribuição dos gestaltistas foi no campo da percepção. Wertheimer descreveu a ilusão óptica como um movimento aparente em que uma rápida sequência de imagens estáticas criava uma ilusão de movimento.

As percepções partem de formas, de gestalts, que não podem ser reduzidas aos seus elementos mais simples. O todo é percepcionado antes das partes que o constitui. Isto significa que qualquer fenómeno psicológico é uma totalidade organizada que não se reduz à soma das partes.

O objecto, passa a ser então, os processos mentais, em particular as percepções e os pensamentos conscientes enquanto gestalts organizadas e o método mantém-se o mesmo utilizado pelos behavioristas, o método experimental.  

O gestaltismo opõe-se à concepção atomista de Wunt e Watson, na medida em que a perspectiva analítica de Wunt decompunha os fenómenos psicológicos ou processos mentais nas unidades mais simples e rejeita, ainda, a corrente behaviorista por decompor o comportamento nas unidades estímulo-resposta. O seu principal objectivo baseia-se na compreensão da organização dos elementos na percepção para formar um todo tendo em conta o contexto ou campo psicológico e as leis inatas. Os gestaltistas desvalorizam a aprendizagem (determinismo ambiental), defendida pelos behavioristas, em que o sujeito era passivo e os seus comportamentos eram puramente mecânicos, valoriza a hereditariedade em que o sujeito passa a ter uma intervenção activa e dinâmica no mundo e o contexto em que ocorre os fenómenos psicológicos na medida em que o mesmo constitui um elemento fundamental no que toca à compreensão dos fenómenos psíquicos. 

 

Conceito de Desenvolvimento

É um processo dinâmico e complexo em que ocorrem transformações quantitativas e qualitativas que e desde o momento da concepção e ao longo de toda a vida marcam a existência de um indivíduo e que lhe permite agir e reagir face ao meio.

As modificações quantitativas manifestam-se sobretudo no plano físico (altura, peso, etc.) e fisiológico.

As mudanças qualitativas são alterações psicológicas, por exemplo, a evolução das aptidões intelectuais e as alterações no modo como nos relacionamos com os outros e com o que nos acontece.

 

A natureza do desenvolvimento humano: Características do desenvolvimento:

- O desenvolvimento é um processo temporalmente sequenciado que engloba todo o ciclo vital, isto é, o indivíduo vai sofrendo as mudanças e transformações próprias do desenvolvimento, e isso verifica-se ao longo de toda a vida.

-- O desenvolvimento é um processo integrativo, o que significa que tem a sua base de apoio em experiências e aquisições anteriores.

O modo como as crianças e os adultos respondem ás situações e aprendem no momento presente depende em parte de experiências anteriores relacionadas com tais situações.

-- O desenvolvimento é direccional, o que significa que se desenrola no sentido de uma complexidade crescente. Os recém nascidos transformam-se primeiro em crianças e adolescentes e depois em adultos. Ao longo do ciclo da vida cada vez é maior o número de factores que vão intervindo no nosso desenvolvimento.

-- O desenvolvimento é organizado, o que significa que as aquisições e competências são progressivamente integradas. Os bebés tornam-se lentamente capazes de organizar e controlar as suas acções.

-- O desenvolvimento é global, o que significa que as mudanças e evoluções não ocorrem isoladamente. Cada aspecto do desenvolvimento, seja físico, afectivo e social depende de todos os outros aspectos, isto é, da interacção entre estes vários elementos,

 

Ontogenia (desenvolvimento de um organismo individual durante o ciclo vital).

Os defensores da perspectiva continuísta entendem que o desenvolvimento individual é um processo lento, gradual, cumulativo, sem alterações buscas de ritmo. Esta forma de conceber o desenvolvimento acentua a mudança quantitativa: o desenvolvimento é contínuo.

A perspectiva que acentua a descontinuidade do desenvolvimento entende que se dá ao longo de distintos estádios do ciclo vital. Nesta perspectiva o desenvolvimento é marcado por ritmos diferentes, verificando-se a alternância entre períodos com mudanças pouco frequentes e relevantes e períodos marcados por mudanças abruptas e descontinuas que implicam a passagem de um novo estádio do desenvolvimento. Aqui o desenvolvimento ocorre durante mudanças qualitativas.

Estádio: Fase do desenvolvimento que se distingue qualitativamente de fases anteriores e posteriores. A sucessão dos estádios obedece a uma sequência uniforme.

 

Interacção entre maturação e educação

Existe uma relação entre os dois. O desenvolvimento resulta de algo dialéctico entre as duas vertentes, e não da sua simples adição: elas cruzam-se e interagem activamente, sendo quase impossível determinar o contributo específico de cada uma.

Sujeito activo e reactivo

Efectivamente, os factores internos inatos apenas se concretizam se existir um meio que os estimule. Por outro lado, também é verdade que não é possível efectuar determinadas capacidades se não houver uma capacidade interna que o permita.

Neste processo dialéctico em que intervêm vários factores que influenciam o ser humano, este vai-se constituindo, progressivamente, como um agente activo com papel fundamental no seu próprio desenvolvimento, não aceita passivamente a influencia desses factores, mas reage, imprimindo a sua marca pessoal no modo como se organiza.

 

 O Cão de Pavlov