A Família e o Desenvolvimento do Adulto
A família representa um grupo social primário que influencia e é influenciado por outras pessoas e instituições. É um grupo de pessoas, ou um número de grupos domésticos ligados por descendência (demonstrada ou estipulada) a partir de um ancestral comum, matrimónio ou adopção. Nesse sentido o termo confunde-se com clã.
Dentro de uma família existe sempre algum grau de parentesco. Membros de uma família costumam compartilhar do mesmo sobrenome, herdado dos ascendentes directos. A família é unida por múltiplos laços capazes de manter os membros moralmente, materialmente e reciprocamente durante uma vida e durante as gerações.
Podemos então, definir família como um conjunto invisível de exigências funcionais que organiza a interacção dos membros da mesma, considerando-a, igualmente, como um sistema, que opera através de padrões transaccionais. Assim, no interior da família, os indivíduos podem constituir subsistemas, podendo estes ser formados pela geração, sexo, interesse e/ ou função, havendo diferentes níveis de poder, e onde os comportamentos de um membro afectam e influenciam os outros membros.
Funções da Família face aos adultos e às crianças
Reconhece-se o significado cada vez menor da família como forma de realização social: vai perdendo as suas funções tradicionais, que são transferidas para a sociedade ou para o Estado.
A função assistencial da família tem diminuído, atendendo não só ao número crescente de pessoas a que a família concede protecção, mas também à diminuição das ocasiões e da intensidade em que tal assistência é exigida.
Como já foi referido, As funções estão implícitas nas famílias. As famílias como agregações sociais, ao longo dos tempos, assumem ou renunciam funções de protecção e socialização dos seus membros, como resposta às necessidades da sociedade pertencente. Nesta perspectiva, as funções da família regem-se por dois objectivos, sendo um de nível interno, como a protecção psicossocial dos membros, e o outro de nível externo, como a acomodação a uma cultura e sua transmissão. A família deve então, responder às mudanças externas e internas de modo a atender às novas circunstâncias sem, no entanto, perder a continuidade, proporcionando sempre um esquema de referência para os seus membros (Minuchin, 1990). Existe consequentemente, uma dupla responsabilidade, isto é, a de dar resposta às necessidades quer dos seus membros, quer da sociedade (Stanhope, 1999).
Duvall e Miller (cit. por Idem) identificaram como funções familiares, as seguintes:
- “Geradora de afecto”, entre os membros da família;
- "Proporcionadora de segurança e aceitação pessoal”, promovendo um desenvolvimento pessoal natural;
- “Proporcionadora de satisfação e sentimento de utilidade”, através das actividades que satisfazem os membros da família;
- "Asseguradora da continuidade das relações”, proporcionando relações duradouras entre os familiares;
- “Proporcionadora de estabilidade e socialização”, assegurando a continuidade da cultura da sociedade correspondente;
- “Impositora da autoridade e do sentimento do que é correcto”, relacionado com a aprendizagem das regras e normas, direitos e obrigações características das sociedades humana.
Já Santos, P., et al. (2008), existem cinco funções fundamentais do meio familiar, são elas:
- Função de Reprodução: asseguram a perpetuação biológica da linhagem;
- Função de educação: perpetuação da cultura através dos filhos;
- Função económica: satisfação das necessidades vitais;
- Função jurídica: na medida em que cada pessoa é proprietário de objectos, dotada de direitos e deveres, portanto responsável.
- Função religiosa: une os seus membros através de uma rede de direitos e proibições sexuais, assim como pelos sentimentos do amor, respeito e temor.
Sexualidade e Intimidade
O “gostar” está relacionado com o afecto e o respeito. Enquanto que no “amar” existem três componentes diferentes, e elas são:
1. Attachment, no qual temos a necessidade da presença física do amado (a).
2. Cuidar, no qual sentimos que temos de ajudar o outro, e onde vai existir uma preocupação em relação ao amado (a).
3. Intimidade, vai dizer respeito ao desejo de contacto intimo com o outro.
Sternberg construiu um modelo do amor com três componentes centrais : intimidade, paixão e compromisso.
- A Intimidade é uma componente emocional, que: envolve compreensão mútua e apoio emocional; cria um ambiente de calor na relação; cria sentimentos de proximidade e união nas relações amorosas.
- A Paixão é uma componente motivacional, que: envolve: atracção física, desejo sexual e o sentimento de “estar apaixonado”; existe uma necessidade de auto-estima e afiliação.
- O Compromisso é uma componente cognitiva, que: envolve a decisão num curto tempo, de amar-mos alguém; comprometimento de longo tempo de manter esse amor.
A paixão, a intimidade e o compromisso diferem, principalmente na sua duração e velocidade a que decaem. A Paixão desaparece rapidamente, a Intimidade cresce devagar e mantém-se por um longo período de tempo e o Compromisso cresce gradualmente e pode desaparecer ou manter-se ao longo do tempo.
As relações dependem da nossa capacidade de mudar conforme cada componente muda.
Para Stenberg existem vários tipos de amor, são eles:
Tipo de Amor |
Intimidade |
Paixão |
Decisão/Compromisso |
Não amor |
- |
- |
- |
Gostar |
+ |
- |
- |
Amor cego |
- |
+ |
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Amor vazio |
- |
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Amor romântico |
+ |
+ |
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Amor companheiro |
+ |
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Amor tolo |
- |
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Amor perfeito |
+ |
+ |
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